Feteerj repudia ato autoritário do MPF contra servidores do colégio Pedro II

out 5, 2016

Procurador exigiu retirada de faixas “Fora Temer”, alegando que servidores fazem propaganda política

Em um ato obtuso e repressivo, o Ministério Público Federal recomendou em ofício à direção do Colégio Pedro II (unidades dos colégios Pedro II em Realengo e Humaitá) a retirada de faixas e cartazes em favor do “Fora Temer”, que foram colocadas pelo Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindicope).

O órgão ameaçou entrar na Justiça até amanhã contra a direção, alegando “prevaricação e improbidade administrativa”, segundo O Dia, caso a recomendação não seja cumprida. Ainda segundo o jornal, “o procurador Fábio Moraes Aragão informou que decidiu fazer a recomendação porque os professores estavam defendendo bandeiras partidárias dentro do colégio”.

A Feteerj repudia esta atitude da parte do MPF contra os servidores do Colégio Pedro II. Na verdade, esta recomendação do MPF, se cumprida, torna realidade para a comunidade do colégio o projeto escola sem partido.
Segundo a reportagem, as faixas teriam sido retiradas.

A seguir, leia a nota do sindicato:

DO SITE DO SINDICOPE: A tentativa do Ministério Público Federal de proibir quaisquer manifestações favoráveis à campanha “Fora Temer” no Colégio Pedro II foi repudiada na reunião do Fórum das Entidades da instituição, atividade aberta à participação de técnicos-administrativos, professores, estudantes e responsáveis. A investida do Ministério Público foi considerada autoritária e comparada ao período da ditadura. A reunião ocorreu na noite desta terça-feira (4), no campus Tijuca II.

O MP ‘recomenda’ à Reitoria e às direções de dois campi – Humaitá e Realengo II – que retirem as faixas e cartazes do sindicato dos servidores afixadas nas dependências do CPII. O ofício diz que a “liberdade sindical não significa conferir um escudo para a salvaguarda da prática de atos ilícitos”, numa referência à afixação de cartazes e faixas com os dizeres ‘Fora Temer’.

O documento recomenda ainda ao reitor e aos diretores-gerais de Realengo II e Humaitá que “1) adotem as devidas providências para a retirada imediata dos cartazes com a inscrição ‘Fora Temer'”, “2) proíbam a colocação futura de cartazes, banners ou panfletos com o conteúdo partido-partidário nas dependências do Colégio Pedro II”, “3) apurem no âmbito administrativo a responsabilidade funcional dos agentes públicos que ordenaram e colocaram os referidos cartazes, bem como daqueles que permitiram tais atos”; “4) informem ao Ministério Público Federal a comprovação das medidas adotadas no prazo de 72 horas, a contar do recebimento desta.”

O MP ameaça ainda os administradores públicos, todos eleitos para os cargos que ocupam, com ação de “improbidade administrativa” e crime de “prevaricação” caso não cumpram a ‘recomendação’.

Os participantes do fórum associaram termos usados pelo Ministério Público no ofício aos comuns a materiais do projeto ‘Escola Sem Partido’, que prega o fim do debate e do pensamento crítico nas escolas. É nítida a semelhança no trecho em que justifica a medida dizendo que “a doutrinação política e ideológica de alunos atenta contra a integridade intelectual de crianças e adolescentes”.

A reunião do Fórum das Entidades aprovou uma série de iniciativas para contestar a postura adotada pelo MP e para se contrapor à movimentação de uma parcela de responsáveis que tentam impor ao CPII diretrizes ideológicas do projeto ‘Escola Sem Partido’, movimento apontado como reacionário que quer proibir debates sobre diversidade de gênero e temas políticos nas escolas. No sábado (1º), esse grupo realizou um pequeno ato em Copacabana contra a portaria da Reitoria que põe fim às distinções por gênero para uniformes da escola.

Parte das resoluções da reunião do Fórum das Entidades, constituído pelo Sindscope e pela associação (ADCPII), será encaminhado à assembleia geral dos servidores do Colégio Pedro II convocada para esta quarta-feira (5), a partir das 18h30, no campus Tijuca II. Entre as iniciativas estão a assinatura de nota conjunta e a realização de atividades, nas quais a comunidade será convidada a participar.

O ofício do Ministério Público circulou nas redes sociais e foi repudiado por profissionais da educação, estudantes e militantes políticos e dos movimentos sociais, entre outros segmentos da sociedade civil.