
Silvia Tendler com a diretoria do Sinpro-Rio (ao centro), quando do lançamento do filme “O futuro é nosso”, em 2021 (foto: Sinpro-Rio)
O cineasta Silvio Tendler faleceu nesta sexta-feira (05/09), aos 75 anos. Silvio foi um dos maiores documentaristas do Brasil, tendo feito filmes históricos, como a trilogia de enorme sucesso, que conta a história política do país: “Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980)”; “Jango (1984)”; e “Tancredo, a Travessia (2011)” – longas metragens que levaram aos cinemas mais de 2 milhões de pessoas.
As direções da FETEERJ e dos Sindicatos dos Professores (Sinpros) se solidarizam com os amigos e familiares do grande cineasta – especialmente a direção do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio), para quem ele fez o filme: “O Futuro é nosso”, em 2021, sobre a importância do movimento sindical e a luta dos trabalhadores, em comemoração aos 90 anos do sindicato (leia mais ao final desta nota).
O coordenador da FETEERJ, professor Oswaldo Teles, que se relacionou com o documentarista a partir das filmagens do filme sobre o Sinpro-Rio, enviou mensagem de condolências à filha Ana Rosa Tendler.
“Tivemos uma relação muito estreita na produção do filme do sindicato, quando descobri a figura belíssima que era o Tendler. Um homem lutador na acepção da palavra e que buscava em sua obra mostrar não só o que pensava, em relação ao Brasil, mas também influenciar na luta por país melhor. Seus filmes eram sua militância” – disse Oswaldo.
OBRA
Além da citada trilogia, Tendler filmou a história de grandes brasileiros: “Josué de Castro – Cidadão do Mundo (1994)”, o autor do influente livro: “Geografia da Fome – o dilema brasileiro: pão ou aço”; “Castro Alves – Retrato Falado do Poeta (1999)”; “Milton Santos – Pensador do Brasil (2001)”, sobre o famoso geógrafo brasileiro; ”Glauber o Filme, Labirinto do Brasil (2003)”, sobre o cineasta e amigo de Tendler, Glauber Rocha. Entre tantos outros.
Filmou também a história dos Trapalhões, os populares comediantes Didi, Dedé, Muçum e Zacarias, no longa: “O mundo mágico dos Trapalhões”, com quase 2 milhões de espectadores.
Para a TV, participou da série de enorme sucesso da Globo, “Anos Rebeldes”, em que dirigiu alguns episódios.
Assim, Tendler produziu e dirigiu mais de 70 filmes entre curtas, médias e longas-metragens, além de 12 séries.
Sua obra, em resumo, é um passeio pela história do Brasil e de sua gente, na luta por uma nação soberana e democrática. Tudo isso buscando o grande público, um cinema popular, sem abrir mão dos conceitos ideológicos mais profundos.
Na verdade, a carreira e a militância dele se misturavam, a ponto de não se saber quando iniciava uma e acabava a outra. Silvio não se limitava a filmar, mas a viver as histórias, sempre do lado dos menos favorecidos e da luta por um país mais justo.
HISTÓRIA DA LUTA DOS TRABALHADORES
As vidas de Tendler e do movimento sindical dos professores do Rio de Janeiro sempre estiveram unidas. Silvio era sindicalizado ao Sinpro-Rio e participou das lutas dos professores. Trabalhou por décadas como professor de Cinema na PUC Rio. Então, o convite do sindicato para que ele filmasse a importância da luta dos trabalhadores, em comemoração aos 90 anos da entidade, completados em maio de 2021, não foi uma surpresa.
“O Futuro é Nosso”, é o nome do filme que ele fez em parceria com o Sinpro-Rio, um dos sindicatos mais antigos do país e ainda firme na luta. No documentário, trabalhadores e trabalhadoras, dirigentes sindicais, cientistas políticos, economistas, jornalistas, dentre outros trazem depoimentos que atestam as conquistas na luta e os ataques contra o sindicalismo.
Sobre o filme, em uma live com a direção do sindicato, em 2022, Silvio disse que chegou ao título “O Futuro é Nosso” por ser um otimista crônico, entendendo que os sindicatos sempre saem vitoriosos das crises, como se deu em plena pandemia com um governo de extrema direita, que visou o desmantelamento do movimento sindical – “A classe trabalhadora sempre existirá e resistirá”, disse ele, na ocasião.
O filme sobre o Sinpro está disponível no You Tube – clique aqui para ver.
Leia a nota de pesar do Sinpro.
BIOGRAFIA
De família judaica com raízes ucranianas e bessarabianas, ele nasceu carioca, em 1950. Silvio Tendler começou sua trajetória no movimento cineclubista em 1960. Na ditadura militar, exilou-se no Chile e depois na França, onde se formou em História pela Universidade de Paris VII (Paris Diderot) e fez mestrado em Cinema e História pela École des Hautes Études – Sorbonne. Desde 2011, utilizava cadeira de rodas devido a um problema de saúde que afetava a medula. Era professor de Comunicação da PUC-Rio desde 1979.
Informações retiradas do G1, site do Sinpro-Rio e do verbete sobre o cineasta na Wikipédia.
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