SESI/FIRJAN corta 20% dos empregos e ainda propõe zero de reajuste a professores

abr 12, 2016

FETEERJ representa os professores das escolas do Sistema SESI e reivindica 11% de reajuste para cobrir as perdas salariais.

Os professores que trabalham nos diversos cursos das escolas do Sistema SESI/FIRJAN, conhecidos como “colaboradores”, quando analisam a situação atual de seus empregos lembram sempre da campanha dos empresários: “Quem vai pagar o pato”. Isso porque aqui no Rio os empregos das escolas do chamado “Sistema S” correm sérios riscos: desde o ano passado, o SESI já demitiu 1.639 trabalhadores, alegando a diminuição da arrecadação – este número equivale a 20% do quadro de funcionários em todo o estado. Ou seja, os professores já sabem quem está, de fato, pagando o pato…
Para piorar ainda mais a situação, na negociação salarial entre a Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no estado do Rio de Janeiro (FETEERJ), representante dos professores, e o SESI/FIRJAN, iniciada em fevereiro, a empresa ofereceu zero por cento de reajuste salarial.
O diretor da Federação que participa da negociação, Robson Terra, informa que a empresa ofereceu apenas um abono de 20% do salário mais um valor fixo de R$ 1.000,00 a ser concedido a todos os professores, em parcela única. Assim, nesta proposta, o professor que ganha, por exemplo, R$ 4 mil por mês, receberia em 2016 um bônus único de R$ 1.800.
“Este bônus é inaceitável e não vai fazer diferença para a grande maioria dos trabalhadores. Apenas para aqueles que recebem salários mais vultosos”, afirma Terra.
O SESI é financiado principalmente por uma contribuição compulsória, que é descontada das empresas nas guias de recolhimento do INSS de todos os empregados.
Segundo Robson, na contra proposta da FETEERJ foi lembrado que parte da arrecadação do compulsório deve ser aplicada na Educação. Além disso, houve reajuste de 7% nas mensalidades escolares das escolas SESI. O sindicalista também lembrou que o INPC acumulado foi de 11,08%.
“Exigimos, no mínimo, a reposição integral dessas perdas, mais a manutenção das cláusulas do acordo coletivo de 2015”, disse Robson Terra.
A contra proposta da FETEERJ foi entregue à FIRJAN no início de abril. A empresa inda não se posicionou, mas está marcada nova rodada de negociação para o final de abril.

Imposto compulsório estaria sendo usado em campanha política?

O clima nas escolas do SESI é o pior possível e não somente por causa da questão salarial e do risco de o professor perder o emprego por causa dos cortes orçamentários: existe a desconfiança por parte da FETEERJ de que o SESI/FIRJAN estaria usando o dinheiro do compulsório para fazer proselitismo político.
As escolas foram decoradas de verde e amarelo. Alunos tiveram os rostos pintados de verde e amarelo nas salas e os funcionários evitam vestir roupa vermelha para trabalhar para não sofrerem represálias no emprego, em um assédio moral quase explícito.
“Será que a FIRJAN, que ofereceu zero por cento de reajuste, está financiando uma determinada campanha política com o dinheiro do imposto compulsório?”, pergunta Robson Terra.