Sindicalistas discutem ação conjunta contra o crime da Vale em Brumadinho

jan 29, 2019

Tragédia de Brumadinho: acidentes e violações das leis – trabalhistas inclusive – aumentaram na Vale depois que a empresa foi privatizada pelo governo do ex-presidente FHC

 

Nesta segunda-feira, 28, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), a qual a Feteerj é filiada, se reuniu, em Belo Horizonte, com centrais sindicais e entidades estaduais, regionais e municipais de trabalhadores para debater formas de solidariedade e de ação em resposta ao crime perpetrado pela Vale do Rio Doce dia 25 em Brumadinho, Minas Gerais.

“A empresa é reincidente em não investir em segurança ambiental e de trabalho, manutenção e fiscalização, como demonstra o até hoje impune caso de Mariana, há três anos. O sistema jurídico favorece os empresários, que sempre se valem de manobras e recursos para não pagar multas, não ser criminalmente responsabilizados e continuar a agredir a natureza, a população, os assalariados. A Contee tem consciência de que o que ocorreu em Brumadinho exige do movimento sindical a luta pela reconquista e ampliação dos direitos trabalhistas”, afirmou o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis.

Os sindicalistas denunciaram que, para além do desprezo com a vida de seus funcionários diretos, a Vale explora trabalhadores também através da terceirização, de jornadas de trabalho extenuantes, trabalho intermitente etc. Existe inclusive a denúncia de que um dos trabalhadores mortos estava em uma reunião na empresa em seu dia de folga.

Foi destacado que os acidentes e violações das leis aumentaram na Vale depois que a empresa foi privatizada, entregue à sanha dos grandes empresários, em 1977. Ao contrário das propostas apresentadas pelo movimento sindical para garantir a saúde e os direitos dos trabalhadores, a reforma trabalhista – aprovada com o voto dos Bolsonaros –, o fim do Ministério do Trabalho e a pretensão do atual governo de acabar com a Justiça do Trabalho e com a fiscalização trabalhista e ambiental agravam ainda mais a relação dos assalariados e das comunidades com os exploradores.

Após a reforma trabalhista, a indenização por danos morais aos trabalhadores vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, está limitada a 50 vezes o salário que recebiam atualmente. Antes, essa indenização poderia ser maior. Com a nova regra, a vida do trabalhador é “precificada” pelo valor do salário por ele recebido.

“Manifestamos nossa solidariedade aos familiares dos trabalhadores mortos e desaparecidos e aos que viram soterrados pela lama da Vale seus bens e meios de vida. O momento é de luto e de luta pela dignidade humana e defesa do meio ambiente”, pontuou Gilson.

Leia aqui a nota de solidariedade da Feteerj aos familiares e amigos das vítimas de Brumadinho.

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